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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

PROTESTANTISMO - A Reforma na Inglaterra - Eduardo VI e Maria Tudor


Eduardo segurando
uma Bíblia
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Eduardo VI (1547-1553)

Em sua obsessão por um herdeiro masculino o rei Henrique VIII, visto que Ana Bolena não mais poderia lhe proporcionar, desvencilha-se dela e casa-se pela terceira vez, com Jane Seymour, que finalmente apazigua os temores do rei, dando-lhe um filho, Eduardo. Mas a saúde do infante é extremamente precária.

Com a morte de Henrique VIII, o infante Eduardo assume o trono, aos nove anos de idade. Evidentemente que foi tutelado por pessoas mais velhas, inicialmente por seu tio, o duque de Somerset [1] (1547-1549), e posteriormente por Warwick [2](1549-1553), duque de Northumberland, e o então arcebispo Cranmer de Cantuária todos com ascensão protestante. Assim, durante seu breve reinado de apenas seis anos e meio, a Inglaterra foi finalmente conduzida ao Protestantismo.

O Parlamento, por pressão de Eduardo, revoga os Seis Artigos, libera a distribuição de bíblias, então restrita aos clérigos e as colocadas nos templos, autoriza-se o casamento de cléricos,os leigos podem participar dos dois elementos da ceia, imagens são retiradas dos templos e as sentenças sobre os hereges são revogadas, abrindo a possibilidade da repatriação de inúmeros expoentes protestantes que haviam se refugiado em outros países como Pedro Martir, Bernardino Ochino, Martinho Bucer e Giovanni Laski, que foram alçados a posições de destaque no governo de Eduardo, principalmente nas Universidades.

Em 1548 uma Ordem de Comunhão foi impressa para que os leigos participassem efetivamente do culto. E em 1549 um Ato de Uniformidade foi aprovado pelo Parlamento e que exigia o uso por parte de todos os oficiantes e em todos os cultos. Mas este guia litúrgico não era uma ruptura, mas uma junção da liturgia católica e reformada, ainda que se retirasse toda referência de sacríficio.[3] Deste modo, mais uma vez católicos e reformados sentiram-se frustrados com este meio termo.

Em 1552 um novo Ato de Uniformidade foi promulgado e uma revisão do Livro de Oração Comum foi aprovada, com uma ênfase mais reformada.[4] Os cultos tornam-se obrigatórios, sob a pena do negligente ser preso e condenado, e o uso do Livro de Oração Comum torna-se compulsório, sob a pena da perda da função clerical. Em 1553 foram elaborado os “Quarenta e Dois Artigos de Religião”, posicionando doutrinariamente a Igreja da Inglaterra, sob a tutela do rei.
Mas todas as perspectivas de reformas são abruptamente interrompidas pela precoce, porém esperada, morte do jovem rei Eduardo VI, aos quinze anos de idade (1553, vítima de tuberculose.

Maria Tudor (1553-1558)

O catolicismo nunca esteve erradicado na Inglaterra. Com a morte precoce de Eduardo VI, porém esperada devido a debilidade de sua saúde, assume o trono sua meio irmã Maria, filha de Catarina de Aragón e extremamente católica. Mesmo tendo um reinado curto, de pouco mais de cinco anos (1553-1558), foi suficiente para fazer retroceder todo o processo reformado inglês.

Imediatamente faz restaurar a autoridade papal no país. Os líderes reformados mais uma vez tiveram que buscar o exílio em países protestantes no Continente;[5] os bispos católicos foram restaurados em suas dioceses; anula-se a utilização do Livro de Oração Comum, bem como se revoga a liberação para que os clérigos pudessem casar, de maneira que praticamente se retrocede aos últimos dias de Henrique VIII.

A figura proeminente neste período foi Reginald Pole, que havia vivido anos no exílio, mas que retorna com todo respaldo da rainha. Torna-se arcebispo da Cantuária e neste oficio trás a Inglaterra de volta ao catolicismo. Revive o monasticismo, quase erradicado nos dias de Henrique, e coloca estrategicamente sacerdotes católicos nas principais Universidades de Oxford e Cambridge.

O fato de receber a alcunha de “Maria, a Sanguinária”, se deve muito mais às seguidas e violentas revoltas ocorridas no período, do que por uma índole cruel ou vingativa da rainha ou de seu chanceler Pole.[6] De maneira que se ela agiu de forma exagerada, não o foi muito além do que seu pai, Henrique VIII e posteriormente sua meio irmã, Elizabete I, tenham feito.

Com sua morte em 17 de novembro de 1558 encerra-se a última oportunidade de uma reconciliação entre Roma e a Inglaterra no século XVI.



Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Reflexão Bíblica



Referências Bibliográficas

ARMESTO-FERNÁNDES, Felipe e WILSON, Derek. Reforma: o cristianismo e o mundo 1500-2000. Trad. Celina Cavalcante Falck. Rio deJaneiro: Record, 1997.
BOISSET, J. História do protestantismo. São Paulo: Difusão Européia, 1971.
DANIEL-ROPS. A igreja da renascença e da reforma I: a reforma protestante. São Paulo: Ed. Quadrante, 1996, p. 435.
FISHER, Jorge P. Historia de la reforma Barcelona: Ed. CLIE, 1984.
GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão - da reforma protestante ao século 20, v. 3.  São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
HILLERBRAND, Hans Joachim. The division of Christendon: Christianity in the sixteenth century. Louisville, Kentucky: Published by Westminster John Knox Press, 2007.
LATOURETTE, Kenneth Scott. Uma história do cristianismo - volume II: 1500 a 1975 a.D. São Paulo: Editora Hagnos, 2006.
LINDSAY, Tomas M. Historia de la Reforma, v.2, ed. La Aurora e Casa unida de Publicaciones, 1959.
NOLL, Mark A. Momentos decisivos na história do cristianismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.
POLLARD, Albert Frederick. Thomas Cranmer and the and the english reformation (1489-1556). London : G. P. Putnam’s Sons, 1906.
WALKER, Williston. História da Igreja Cristã, ed. JUERP/ASTE, v.2, 3ª ed. Rio de Janeiro, 1981.
Zabriskie, Alexander C. Anglican Evangelicalism. Philadelphia, 1999.

______________________
[1] Defendia um luteranismo mais ao estilo de Melanchton, sem grandes rupturas com o romanismo para não provocar maires escandanlos no povo.
[2] É neste momento que o calvinismo genebriano se faz mais presente e influencia o movimento de reforma religiosa na Inglaterra. 
[3] A grande distinção entre o culto protestante e a missa católica romana e que nesta todas as vezes se repete o sacrifício de Cristo, enquanto no culto protestante não há esta implicação. Por esta razão no culto protestante o púlpito e não a mesa de sacrifício é o centro.
[4] Aqui aparecem mais acentuadamente a teologia calvinista. João Calvino via no jovem rei Eduardo a possibilidade de se efetuar uma reforma religiosa como nos dias do rei Josias do Antigo Testamento.
[5] Um numero aproximado de oitocentos reformados, entre os quais João Knox, se refugiaram na Alemanha e Suiça.
[6] Foram executados 273 reofrmados dentre os quais estava a proeminente figura de Cranmer, até então arcebispo da Cantuária.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

VERBETE – Calvinismo


Como todos os termos ele tem uma origem histórica e nunca satisfaz a todos. Este termo deriva-se do conjunto de doutrinas elaboradas por João Calvino[1] (1509-1564) um dos principais expoentes da Reforma Religiosa ocorrida no século XVI e que ficou conhecida como Reforma Protestante. Mas mesmo entre os protestantes há aqueles que questionam a utilização deste termo.[2] Um teólogo reformado muito conceituado, Karl Barth, discorda da utilização deste termo e outros correlatos, como por exemplo, o luteranismo, pois entende que tais conceitos acabam por forjarem corpos rígidos e inflexíveis de dogmatismos que acabam por serem impostos às comunidades e aos cristãos por autoridades eclesiásticas, similarmente ao que ocorre no catolicismo, que foi questionado abertamente pelo próprio reformador no princípio. Para Barth: “Um verdadeiro discípulo de Calvino só tem um caminho a seguir: obedecer, não a Calvino, mas Àquele que foi o Mestre de Calvino”.[3]

Todavia, é impossível negar que o reformador genebrês estabeleceu com sua obra teológica um padrão dogmático – bem mais organizado do que fizera Lutero e outros contemporâneos. Assim, como se fala de “platonismo” ou de um “cartesianismo” é possível se falar que também existe um “calvinismo”, o que não significa que dentro deste conceito amplo não haja discrepâncias e deformidades produzidas por aqueles que na dinâmica do tempo e espaço reinterpretaram seus postulados.

Nenhum movimento do calibre e com o dinamismo do Calvinismo internacional poderia sobreviver e, muito menos prosperar, sem que se modificasse ao menos em certo nível, diante de situações específicas que enfrentava. É tarefa do historiador identificar essas alterações, e do teólogo verificar seu significado. A negação nua e crua dessas alterações é, porém, historicamente insustentável. (McGRATH, 2004, p. 234-235).

Em nenhum momento Calvino se propôs a ser original, no sentindo de produzir algo totalmente inédito.[4] Aproveitou tudo que seus antecessores próximos produziram (Lutero, Melanchthon, Zwinglio e Bucer), mais ainda, ele busca incansavelmente na vasta literatura dos chamados “Pais da Igreja” os postulados de suas interpretações teológicas. Sua contribuição maior sem duvida alguma foi sua capacidade incomum de síntese em conjunto com seu pensamento forte e autentico de formular e coordenar esta orquestra teológica e faze-la produzir melodias inigualáveis em qualidade e beleza.

Mas Calvino jamais abriu mão de um principio basilar da Reforma: somente a Bíblia. Escutar e fundamentar todo o pensamento na única autoridade infalível das Escrituras, descartando tudo que fosse apenas intepretações humanas, foi a intensão e a pretensão dele em tudo que produziu, pregou ou ensinou. Na mesma linha dos primeiros reformadores, para Calvino: “Nem a antiguidade, nem os costumes, nem as sentenças, nem os editos, nem os decretos, nem os concílios, nem as visões, nem os milagres se devem opor” a qualquer texto das Escrituras, a única fonte de autenticidade do Altíssimo.

A grande questão então levantada é: o que produz a autenticidade do pensamento teológico? Para o católico é a Igreja que dá autenticidade à doutrina; para Calvino a autenticidade é produzida na mente do cristão pela ação iluminadora (esclarecedora) do próprio Deus (na pessoa do Espírito Santo). Dominado por um biblicismo integral, Calvino elabora, pois, uma cosmovisão e uma explicação do destino eterno do ser humano.

Evidentemente, concordando em parte com a crítica de Karl Barth, quando se fala de calvinismo, não implica que todos que adotem este termo, expressem literalmente o pensamento original de Calvino, mas que têm nos conceitos teológicos dele os pressupostos que norteiam a forma de crer e interpretar os ensinos bíblicos adotados por estes.

O pensamento e os pressupostos teológicos de Calvino foram paulatinamente extrapolando as fronteiras genebrinas, através dos presbiterianos na Escócia, os puritanos ingleses e posteriormente na América do Norte, os huguenotes da França, a Igreja Reformada e os Batistas Particulares da Inglaterra. Atualmente os teólogos Karl Barth e Emil Brunner são representativos da reinterpretação do pensamento calvinista. Como realça McGrath: “[...] o ‘Calvinismo’ veio a significar algo diverso em cada uma de suas manifestações locais, retratando fatores locais que se combinaram para lhe dar uma forma diferente, uma identidade diversa, em suas várias localidades” (2004, p. 237).

Portanto, o calvinismo que chega ao Brasil a partir de meados do século XIX, através das denominações protestantes inglesas e primordialmente americanas, já havia experimentado diversas revisões e reinterpretações, ainda que mantivesse o cerne do pensamento teológico de João Calvino. No caso brasileiro as chamadas igrejas calvinistas (Presbiterianas, Congregacionais e Batista Regular) foram extremamente lerdas em resgatar as obras de Calvino, sendo que sua obra máster “As Institutas da Religião Cristã” somente foi traduzida para o português no final do século XX, por iniciativa de um trabalho acadêmico de uma instituição educacional não ligada a nenhuma das denominações mencionadas e que posteriormente foi encapada por uma editora presbiteriana. Os comentários bíblicos de Calvino somente agora começam a ser colocado à disposição dos brasileiros, o que demonstra a letargia dos “calvinistas brasileiros” em disponibilizar o pensamento original de Calvino.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Referências Bibliográficas
ARMESTO-FERNÁNDES, Felipe e WILSON, Derek. Reforma: o cristianismo e o mundo 1500-2000. Trad. Celina Cavalcante Falck. Rio deJaneiro: Record, 1997.
BOISSET, J. História do protestantismo. São Paulo: Difusão Européia, 1971.
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CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. São Paulo: Hagnos, 2006.
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DUNSTAN, J. Leslie. Protestantismo. Lisboa, Verbo, 1980.
GONZALES, Justo L. Uma história do pensamento cristão. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
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MENDONÇA, Antonio G. O celeste porvir: a inserção do Protestantismo no Brasil. São Paulo: Edições Paulinas, 1984.
OLSON, Roger. Teologia Arminiana: Mitos e Realidades. São Paulo: Editora
Reflexão. 2013.
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SALVADOR, José Gonçalves. Arminianismo e Metodismo: Subsídios para
o Estudo da História das Doutrinas Cristãs. São Paulo: Junta Geral de
Educação Cristã da Igreja Metodista do Brasil, S/D.
SCHÜLER, Arnaldo. Dicionário Enciclopédico de Teologia. Rio Grande do Sul: Concórdia Editora e Editora Ulbra, 2002.
WYNKOOP, Mildred Bangs. Fundamentos da teologia Armínio Wesleyana. Tradução Eduardo Rodrigues da Silva. Campinas (SP): Casa Nazarena Publicações, 2004.

Zabriskie, Alexander C. Anglican Evangelicalism. Philadelphia, 1999.



[1] “O estudo da relação entre os homens e seus movimentos tem se mostrado um dos aspectos mais estimulantes da história intelectual”. (McGRATH, 2004, p. 232).
[2] Inicialmente o termo “calvinismo” foi utilizado pejorativamente pelos alemães para distingui-los dos luteranos dentre as muitas divergências teológicas existentes entre estas duas formas de pensar dentro do movimento reformado.
[3] A crítica de Barth esta no fato de que o termo “calvinismo” tomou uma forma rígida a partir do Sínodo de Dort (1618-1619), já nos idos do século XVIII, conforme interpretadas por aqueles estudiosos a luz do ensino proposto por Calvino e que deu origem ao denominado “Cinco Pontos do Calvinismo” em resposta aos “Cinco Pontos do Arminianismo” proposto anteriormente pelos defensores do teólogo Jacó Armínio (1560-1609) que se opunha à teologia do reformador genebrês.
[4] “[...] o termo ‘calvinista’ poderia, em tese, referir-se a pessoas e ideias historicamente anteriores a Calvino. Por exemplo, os sobreviventes mais radicais do movimento hussita, na Boêmia, o Jednota bratrská, veio a ser conhecido por Calviniani ante Calvinum [Calvinistas antes de Calvino] justamente por essas razões”. (Evans, 1985, p. 169, apud McGRATH, 2004, p. 233).


Referências Bibliográficas
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia, v. 1. São Paulo: Hagnos, ed. 8ª, 2006.
DANIEL-ROPS. A igreja da renascença e da reforma I: a reforma protestante.  São Paulo: QUADRANTE, 1996.
McGRATH, Alister. A vida de João Calvino. São Paulo, Cultura Cristã, 2004.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

VERBETE – Denominacionalismo


O termo “denominação” e/ou “denominacionalismo” é fundamental para se compreender a expansão do protestantismo no mundo e sua implantação no Brasil.[1]
A partir do Movimento Religioso que eclodiu no século XVI e que ficou conhecido como Reforma Protestante a Igreja Cristã no Ocidente perdeu sua hegemonia, que foi sempre mais aparente do que de fato.[2] Todavia, até o século XVI havia uma única Igreja Cristã no Ocidente, mas que inicia um processo irreversível de fragmentação a partir da Reforma Protestante, primeiramente ao redor dos líderes reformistas como Lutero e Calvino e posteriormente a partir de outros movimentos reformistas nacionais, como por exemplo, a Reforma Religiosa Inglesa promovida por Henrique VIII e que produziu a Igreja Anglicana.
Esta tendência fragmentária tem pressupostos inicialmente teológicos, visto que desde o inicio os líderes reformistas não conseguiram desenvolver uma teologia que pudesse contemplar todas as formas diferentes de interpretar as doutrinas bíblicas. Um exemplo é a questão envolvendo a doutrina da Ceia onde os luteranos, os calvinistas e os anglicanos mantiveram suas interpretações particulares, ainda que em alguns momentos se dispendesse esforços para uma conciliação. Mas no desenvolvimento histórico outras questões divergentes vão sendo motivos de distanciamento e mais divisões.
Será dentro da Igreja Anglicana que irão surgir algumas subdivisões do protestantismo causadas pelo embrido teológico-politico. Dentro do movimento Puritano inglês que exigia uma ruptura plena da Igreja Anglicana em relação ao Catolicismo romano vão surgir diversas tendências que mesmo compartilhando de uma mesma teologia calvinista, divergiam quanto a questão da organização eclesiástica: os presbiterianos entendiam que o governo da igreja local deveria ser representativo através de um Conselho de Presbíteros eleitos pela assembleia, enquanto que os Congregacionais e também os batistas defendiam que a Assembleia deveria ter o governo pleno da igreja local, enquanto que os anglicanos mantiveram o governo episcopal herdado do catolicismo, assim como os metodistas que surgiram posteriormente.
Depois de muitas lutas e perseguições, bem como alternâncias no Poder Legislativo da Inglaterra, os diversos ramos puritanos começam seu êxodo para América do Norte.  Ainda que permeados por uma mesma ideologia teológica, cada segmento religioso protestante vai se expandindo no novo território. É aqui na América do Norte que o termo “denominação” ou “denominacionalismo” vai sendo forjado e será predominante no movimento missionário liderado pelos americanos em todo o mundo.
O Drº Antônio Mendonça analisando a questão do denominacionalismo protestante formula ao menos três característicos:
Primeiro, a denominação americana é uma associação voluntária o que significa a realização do ideal puritano. [...] A denominação era uma igreja desestabilizada, composta por pessoas que a ela aderiam espontaneamente e de acordo com suas preferências e convicções pessoais. [...] Segundo, a associação voluntária tinha um propósito ou intenção, o que justificava a existência de denominação diante de outras, com seus pontos a serem propagados, seus métodos e seus traços definitivos. [...] Terceiro, a denominação americana de um propósito unitivo e ecumênico, isto é, nenhuma denominação se julgava exclusiva dona da verdade. (MENDONÇA, 1984, p. 44-46 – Itálico do autor).[3]
As denominações foram, portanto um caminho encontrado para expressar, ou para alguns camuflar, uma unidade cristã em meio às múltiplas divisões eclesiásticas dentro do protestantismo. Utilizando as palavras de Niebuhr (1992, p. 13), “o denominacionalismo é, na Igreja cristã [protestante], essa hipocrisia inconfessada”.
Ao iniciarem seus projetos de transplantarem suas denominações evangélicas protestantes para o Brasil cria-se imediatamente um impacto visto que até então os brasileiros conheciam apenas uma única igreja – a Católica Romana. Ao chegarem as diversas “igrejas” protestantes, com suas ênfases peculiares teológicas, os brasileiros ficaram confusos e o catolicismo utilizou por muito tempo este aspecto fragmentário do protestantismo para questionar diante da população a genuinidade da mensagem evangélica protestante.
A situação da multiplicação de denominações evangélicas protestantes apenas demonstra a cada dia a dificuldade que existe de se aprender a conviver harmoniosamente dentro da mensagem evangélica proposta pelo próprio Cristo. Com certeza este foi e continua sendo o maior empecilho para que o protestantismo possa de fato e de verdade produzir na sociedade brasileira um impacto transformador.

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Referências Bibliográficas
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WYNKOOP, Mildred Bangs. Fundamentos da teologia Armínio Wesleyana. Tradução Eduardo Rodrigues da Silva. Campinas (SP): Casa Nazarena Publicações, 2004.

Zabriskie, Alexander C. Anglican Evangelicalism. Philadelphia, 1999.

Referências Bibliográficas
 HUDSON, Winthrop. Denominationalism as a basis for ecumenicity: a seventeenth century conception. Church history. Vol. 24, no. 1 (março, 1966).
MENDONÇA, Antonio G. O celeste porvir: a inserção do Protestantismo no Brasil. São Paulo: Edições Paulinas, 1984.
REYLI, Alexander Duncan. História Documental do Protestantismo no Brasil. 3ª ed. São Paulo: ASTE,
2003.




[1] O termo foi introduzido para combater o termo pejorativo “seita”, que no uso popular adquiriu conotação de práticas desviantes ou indesejáveis.
[2] Ainda no século XI, mais propriamente no ano de 1054, ocorreu o Cisma do Oriente, também chamado de Grande Cisma ou Cisma Ocidente-Oriente, que separou definitivamente a Igreja Católica Apostólica em Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa.
[3] Doutor em História Eclesiástica, Duncan Alexander Reily define a denominação como: “uma associação voluntária de indivíduos com sentimentos e pensamentos em comum, unidos na base de crenças comuns para o propósito de alcançar objetivos tangíveis e definidos.” (REYLI, 2003. p. 38 e 39). “Nenhuma insiste que a totalidade da sociedade e igreja devem submeter-se aos seus regulamentos eclesiásticos. No entanto, todas as denominações reconhecem sua responsabilidade pela totalidade da sociedade e esperam cooperar em liberdade e respeito mútuo com outras denominações e cumprir tal responsabilidade”. (HUDSON, 1966, p. 32).

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

PROTESTANTISMO - A Reforma na Inglaterra - Henrique VIII

Henrique VIII e suas esposas
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Evidentemente que não se pode imaginar o que seria a Reforma Inglesa sem a figura de Henrique VIII (1491-1547), filho mais jovem de Henrique VII. Ele estava sendo preparado para exercer uma função eclesiástica, quando a morte precoce de seu irmão, Arthur (1502) e posteriormente a de seu pai Henrique VII (1509) mudou totalmente sua história e da Inglaterra e, por conseguinte, da futura Igreja inglesa.
Mas a biografia de Henrique VIII instiga intensa defesas e ataques na maioria das vezes antagônicos, como resumiu Pollard:
Em nosso desejo de reprovar a imoralidade de métodos de Henry, somos levados a negar o seu sucesso, ou, no nosso apreço pela grandeza dos fins por ele obtidos, buscamos justificar os meios que ele tomou para alcançá-los. Tal como acontece com a sua política, portanto, com seu caráter. (POLLARD, 1919).

Mas assumir o trono inglês trouxe-lhe o fardo de assumir o casamento diplomático com Catarina de Aragão, a viúva de Artur seu irmão mais velho, filha de Fernando e Isabel da Espanha. Depois de postergar o máximo possível e tendo a bênção do papa Júlio II, o jovem Henrique, no apogeu de seus 17 anos, casa pela primeira vez.
Deste casamento com Catarina nasceram diversos filhos, dos quais sobreviveu apenas uma filha, Maria. O rei sabia das dificuldades históricas de manter a linhagem do trono sem um filho homem, e as lembranças das terríveis consequências das “Guerras das Rosas[1] ainda estavam frescas na memória dos ingleses, de maneira que o rei tornou-se obcecado por um herdeiro masculino.
Surge então a figura emblemática de Ana Bolena, pela qual Henrique se apaixona, o que para ele não era muito difícil. Tendo suas próprias ambições Ana resiste às primeiras investidas reais de maneira que Henrique sente-se pressionado a torna-la rainha. Entretanto, para isso teria que desvencilhar-se de seu casamento com Catarina.
Seu pedido inicial de divorcio em maio de 1527 foi colocado em banho-maria, pois o Papa de plantão, Clemente VII, não desejava e nem podia criar atrito com o sobrinho de Catarina, o Imperador Carlos V, que naquele momento se constituía no maior aliado da Igreja romana. (Walker,1981, p. 32). A paciência de Henrique esgotava a cada dia, pois as estrategias do cardeal Wolsey, os canonitas, e os esforços diplomatas nenhum resultado conseguiram, e nem mesmo as ameaças pessoais de Henrique minimizaram os receios  do Papa em relação ao Imperador (Haigh, 1987, p. 105).
Entra em cena a figura de Thomas Crammer (1489-1556), então professor na universidade de Cambridge, sugerindo que o assunto da anulação do casamento real fosse transferido para a esfera das Universidades, que naquele momento histórico ocupavam uma posição relevante em relação às questões teológicas (LATOURETTE, 2006, p. 1.084).
Assim que tomou conhecimento desta proposta, o rei convoca Crammer e o coloca como capelão da família de Bolena. A questão da anulação do casamento real foi transferida para a esfera acadêmica e consultas foram feitas às principais universidades católicas, e às de maior prestígio – Paris, Orleans, Tolosa, Oxford, Cambridge, e até as italianas e todas elas corroboraram para o desfecho tão ansiado por Henrique, declarando que seu primeiro casamento com a viúva de seu irmão não era valido, (GONZALES, 2003, p. 124-125).
Imediatamente as providências são tomadas para que o rei casasse (14 de Novembro de 1532) com Bolena, pois a esta altura dos acontecimentos ela se encontrava grávida, e Henrique queria legitimar a criança, que para sua frustração pessoal veio a ser mais uma vez uma menina, Elizabete, mas, sem que ele pudesse saber, ela faria um dos mais extraordinários reinados da história da Inglaterra.
As consequências deste ato de rebeldia de Henrique também foram imediatas, pois o Papa declarou o casamento com Bolena nulo, reafirmou a validade do casamento de Catarina (março de 1534) e em 1538, Paulo III publicou a bula, já redigida a três anos, excomungando o rei e destituindo-o do trono inglês e desvinculando seus súditos do juramento de fidelidade. Todavia, na pratica o efeito foi irrisório e a bula nem sequer foi publicada na França e na Alemanha. Mas Henrique que vinha acelerando o processo de esvaziamento do poder clerical, iniciado por seu pai, através da promulgação de sucessivas leis, reagiu de forma contundente, e no dia 3 de novembro 1534, o Parlamento inglês promulga o Ato de Supremacia em que se declara: “Que o rei nosso soberano, seus herdeiros e sucessores, reis deste reino, serão considerados, aceitos e reputados como a única Cabeça suprema da Igreja da Inglaterra, chamada Igreja Anglicana” (FISHER, 1984, p. 299 - Itálico meu). Todos os que se recusassem a aceitar com juramento o Ato de Supremacia e reconhecer o novo casamento do rei como ordem de sucessão ao trono, seria considerado réu de alta traição e punido com a morte cruel. O rompimento com Roma estava selado.
Mas que não se tenha qualquer ilusão quanto às intenções de Henrique. O rei inglês tinha que tomar uma posição e como não via com bons olhos o que estava acontecendo em alguns países vizinhos que optando pela reforma viram o poder do trono minimizado ele faz a opção de instituir uma igreja dentro das necessidades dele e das características do povo inglês. Henrique VIII rompe com a Igreja Romana, mas não adota o manual dos reformadores, pois ele estabelece a Igreja Inglesa no mesmo molde da velha igreja católica romana tendo ele mesma como chefe soberano e não mais o papa. O próprio Matinho Lutero percebe esta força do rei inglês: “Henrique é o Papa, e o Papa é Henrique na Inglaterra." (HILLERBRAND, 2007, p. 212).
Henrique nunca deixou de ser católico, e somente adota na Igreja inglesa os pontos de vista dos reformadores que lhe convinham. “Henrique estava orgulhoso de sua ortodoxia e era meticuloso em sua frequência diária às missas e em seu uso de um confessor.” (LATOURETTE, 2006, p. 1.086). Alguns anos antes (1521) havia escrito um tratado teológico “Assertio septem sacramentorum” refutando o pensamento de Lutero “De captivitate Babylonica ecclesiae praeludim”, o que lhe havia valido, por parte do papa Leão X, o título de “Defensor da Fé Católica”, que sempre fez questão de ostentar até seus últimos dias. (GONZÁLES, 2003, p. 125).
Em 1536 promulga o chamado Dez Artigos, que em quase nada se diferenciava dos dogmas católicos. Para deixar ainda mais claro suas opções teológicas, em 1539 faz uma nova promulgação substituindo a anterior e restringindo-os a Seis Artigos, mais radicalmente católicos do que os dez anteriores e apelidado por muitos de “Edito Sangrento”, pois muitos discordantes foram condenados e queimados. O texto mantinha as posições católicas clássicas como a doutrina da transubstanciação, a comunhão sob uma só espécie, o celibato e a castidade do clero, as missas pelos mortos, a confissão auricular, etc. “Até o fim de sua vida, o rei escapa completamente a influência da Reforma” (CASALIS, 1989, p. 151).
Evidentemente que muitos súditos ingleses não ficaram contentes e nem passivos diante desta artimanha real. Os que defendiam o papa e a igreja romana sentiram-se traídos e os que almejavam uma reforma religiosa ampla e radical também não se sentiram realizados. Duas questões revelam a profundidade e amplitude deste descontentamento de ambos os lados: o primeiro é que tanto católicos quanto reformadores foram presos, condenados e sentenciados a morte e uma ilustração deste fato é que em 30 de julho de 1540, por ordem direta do rei “três clérigos de ideias luteranas (Barnes, Garret e Jerome) foram queimados em Smithfield; e três romanistas foram torturados e decapitados por negar a supremacia espiritual do rei” (LINDSAY, 1959, p. 279); segundo que somente vinte anos depois, após rápidas sucessões no trono inglês, é que a rainha Elizabete conseguiu impor um consenso religioso aos ingleses, chamado pelos historiadores de “Acordo Elisabetano”.
Mas alguns passos importantes foram tomados em direção a uma Reforma mais substancial, ainda nos dias de Henrique. Em 1536, Cromwell, como vigário-geral do rei, determina que uma bíblia em latim e outra em inglês fossem colocadas em cada igreja para que qualquer pessoa pudesse ler. Com o rei ainda vivo, Cramwell começou a preparar o que veria a ser o Livro de Oração Comum (Book of Common Prayer) que foi promulgado somente em 1549, após a morte de Henrique. Durante sua elaboração Cromwell mantem intensa correspondência com Melanchton, Calvino, Bucero e Pedro Mártir Vermigli. “Teologicamente o Book of Common Prayer se distingue radicalmente da doutrina católica: não adota a doutrina da transubstanciação, ou a reserva da espécie, nem a adoração do Santíssimo Sacramento e a oração pelos mortos, nem a unção dos recém-nascidos e dos doentes” (CASALIS, 1989, p.152). Este livro litúrgico teve várias revisões sucessivas, porém superficiais (1552, 1662, 1871, 1872), e ainda continua sendo utilizado nos cultos da Igreja Anglicana. Entretanto, Henrique VIII morre em 1547, deixando para seus sucessores a imensa tarefa de concluir a Reforma inglesa.


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião





Referência Bibliográfica
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[1] Guerra das Duas Rosas (1455-1485) – conflito entre os Lancaster e os York, duas famílias nobres que disputavam o trono inglês. A Guerra recebeu esse nome porque o brasão dos Lancaster tinha uma rosa vermelha e o dos York uma rosa branca. Henrique VII, que tinha parentesco com as duas famílias pacificou a Inglaterra e assumiu o trono, dando início à Dinastia Tudor.