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quarta-feira, 22 de junho de 2016

VERBETE - Jacob Arminius


ARMINIUS, Jacob (1560-1609). Jacob Harmensen, que transliterou seu nome para o latim transformando-se em, Jacobus Armínius, em português – Jacó Armínio, também é conhecido pela versão inglesa de seu nome – James ou Jacob Arminius. Ele vai viver em um período histórico pós Reforma onde os posicionamentos teológicos já haviam sido solidamente estabelecidos, mas que posteriormente tornaram-se enrijecidos e inflexíveis. Havia pouco espaço para divergências, visto que os dogmas reformados tinham sido forjados nas bigornas das discussões teológicas pós reforma. Desta forma, qualquer discrepância ou dissonância teológica acadêmica trazia à memória todo sofrimento e dissabores de um caminho árduo que havia sido percorrido até que as balizas teológicas fossem satisfatoriamente equilibradas. É neste ambiente que este teólogo holandês, nascido em na cidade de Oudewater, entre Roterdã e Ultrecht, expos suas discordâncias com as formulações rigorosas sobre a predestinação elaborada pelo calvinismo. Toda sua trajetória acadêmica havia sido dentro dos moldes calvinistas: estudou em Leyden, na Universidade Marburg (1575-1581), na Basiléia (1582-1583), e em Genebra na Suíça (1584-1586), tendo como um de seus mentores Teodoro Beza sucessor catedrático de Calvino. Ele serviu como pastor em Amsterdã (1588-1603) e foi professor de teologia em Leiden a partir de 1603. Apesar de todas estas influências Armínius cultivou uma ortodoxia própria e conflitante com o pensamento calvinista. A igreja em Amsterdã lhe incumbiu que examinasse e refutasse as ideias de DircK Koornhert, que contestava abertamente as doutrinas calvinistas, em especial a predestinação. Mas, ao final, Armínius concluiu que Koornhert estava certo e os calvinistas estavam equivocados. Armínio interpretava que a carta de Paulo aos Romanos ensinava uma "predestinação condicional" em oposição às interpretações "incondicionais" dos calvinistas seus contemporâneos. Ele acreditava que a predestinação dos destinos individuais (salvação) é baseada na presciência divina, ou seja, Deus sabe de antemão quem são aqueles que haverão de crer em Jesus e serem salvos. Para ele a "Graça Salvadora" de Deus é a obra do Espírito Santo na preparação das pessoas para escolher a ter fé em Jesus Cristo.
Armínius faleceu em 1609 e no ano seguinte (1610), o chamado partido arminianos, uma oligarquia fortemente mercantil e que defendia uma relação amistosa com a Espanha (católica), produziu um documento de protesto conhecido como remostrância (“representação ou protesto”), posteriormente recebendo a alcunha de “remonstrantes” e que passaram a serem redigidos sumariamente em cinco pontos centrais de divergências com a teologia calvinista. Abaixo temos os dois pensamentos teológicos:
ARMINIANISMO
CALVINISMO
Capacidade humana, Livre-arbítrio - Todos os homens embora sejam pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus oferece;
Depravação total - Todos os homens nascem totalmente depravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais;
Eleição condicional - Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé em Cristo;
Eleição incondicional - Deus escolheu dentre todos os seres humanos decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em conta qualquer mérito, obra ou fé prevista neles;
Expiação ilimitada - Cristo morreu por todos os homens e não somente pelos eleitos;
Expiação limitada - Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do resgate somente dos eleitos;
Graça resistível - Os homens podem resistir à Graça de Deus para não serem salvos;
Graça Irresistível - A Graça de Deus é irresistível para os eleitos, isto é, o Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora neles;
Decair da Graça - Homens salvos podem perder a salvação caso não perseverem na fé até o fim.
Perseverança dos Santos - Todos os eleitos vão perseverar na fé até o fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação.

Todos aqueles que adotaram a teologia desenvolvida por Aminius ficaram conhecidos como “arminianos”. O Metodismo, estabelecido por John Wesley, adotou o Arminianismo como fundamento teológico, assim como as tradições evangélicas pentecostais ou de santidade; os batistas em sua maioria também adotam a teologia Arminiana, no Brasil uma exceção é a igreja Batista Regular que mantém a teologia calvinista, com exceção do batismo infantil e a interpretação da Ceia.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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http://reflexaoipg.blogspot.com.br/

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