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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

GLOSSÁRIO HISTÓRICO-TEOLÓGICO - Letra A


Anglicanos [anglicanismo] - de Anglo, "Inglês"). Refere-se à Reforma Religiosa na Inglaterra promovida pelo rei Henrique VIII, que se desenvolveu paralelamente aos outros movimentos que ocorria simultaneamente na Alemanha (Lutero) e Suíça (Zwínglio e Calvino). Na verdade Henrique VIII promove uma Reforma sem muita Reforma, e o aspecto mais relevante é o rompimento com Roma e de que ele (rei) assume a liderança da Igreja em lugar do Papa.  Também denominada de "Igreja da Inglaterra" e posteriormente quando da independência dos EUA da Inglaterra passou a ser denominada de “Igreja Episcopal".
Abba. Vem do grego ἀββα de origem aramaica (אבא) pela qual a criança chamava o “pai” ou “papai”. Na evolução da língua este termo saiu da esfera infantil para ser empregada também por filhos e filhas adultos, adquirindo o tom caloroso e familiar que se pode sentir em expressão tal como “papai querido”.
Adocianismo. Doutrina que surgiu no século VIII. Ensinava que Jesus foi adotado (possivelmente no seu batismo) pelo Pai e por essa razão veio a participar da Deidade, sendo, portanto, negada a existência eterna de Cristo e sua encarnação. Depois de muitos debates foi rejeitada pela teologia ortodoxa da Igreja Cristã.
Agnosticismo. Foi Thomas Huxley quem cunhou esse termo “agnóstico” como contraponto antitético ao termo “gnóstico” para, segundo ele, manter-se distante tanto da ortodoxia teológica radical asfixiante, bem como uma forma de repudio aos rótulos materialista, ateu e positivista. Suas bases estão vinculadas às teses kantianas sobre os limites da razão especulativa e da relatividade do conhecimento. Os agnósticos admitem sua ignorância sobre a natureza fundamental do universo físico, assim como sobre a existência e os atributos do divino.  Na linguagem comum, normalmente se refere a uma posição neutra ou pelo menos duvidosa a cerca da questão da existência de Deus. Para o agnóstico se há um Deus ou uma divindade, todavia, esse ser é impossível de ser conhecido; tais pessoas abstêm-se de compromisso com qualquer doutrina ou credo religioso. Ainda que muitos confundam os agnósticos não são ateus.
Agrapha. Em geral refere-se aos ditos (palavras) não-oficiais de alguém. Os estudiosos dos escritos evangélicos utilizam para identificarem os ditos de Jesus encontrados fora dos quatro evangelhos canônicos. Pode ser em outros livros bíblicos (Atos 20.35) ou nas chamadas literaturas apócrifas, como o Evangelho segundo Tomé, Evangelho de Maria (Escritos do Mar Morto).
Albigenses [Cátaros]. Inicialmente conhecidos como Cátaros (do grego καϑαρός katharós, "puro") foi um movimento de ascetismo extremo dentro do cristianismo na Europa Ocidental entre os anos de 1100 e 1200. Posteriormente proliferou fortemente no sul da França, mais precisamente na cidade de Albi, razão pela qual passaram a serem conhecidos por “albigenses”. Eram extremamente críticos da Igreja Cristã institucional e propunham conceitos teológicos divergentes e por esta razão foram rejeitados e posteriormente perseguidos violentamente, no que ficou conhecida como Cruzada contra os Albigenses (1209-1229). A famigerada Inquisição Católica Romana tem sua origem no extermínio dos albigenses e valdenses. 
Alegoria. A palavra grega (ἀλληγορέω - ocorre apenas em Gálatas 4:24) significa "falar de outra forma," uma alegoria é uma descrição de uma coisa sob a imagem de outro. Posteriormente tornou-se um método de interpretação de textos bíblicos, principalmente aqueles que impunha alguma dificuldade maior para se ajustar à teologia ortodoxa cristã. Um exemplo clássico é o livro de Cantares, onde os interpretes alegóricos procuram apresentar um sentido mais “profundo” ou "espiritual" existente por detrás do significado literal.
Alta crítica. Refere-se à forma de interpretar a literatura e historicidade dos textos. Surgiu na Europa do século XIX dominado pelo pensamento racionalista. Suas  perguntas sobre a origem e composição do texto, incluindo quando e onde se originou; como, por que, por quem, para quem, e em que circunstâncias ele foi produzido; quais influências sofreu o texto quando de sua produção, e que fontes orais ou escritos originais podem ter sido usados na sua composição; qual é a mensagem do texto como expressa na sua língua original, incluindo o significado das palavras bem como a maneira pela qual elas foram colocadas nas formulações das frases ou sentenças. O embate no que se refere aos textos bíblicos não está no método em si, mas no fato de que esta escola crítica se baseia unicamente na razão, desprezando qualquer sentindo de revelação/inspiração e também são especulativos por natureza. Quando despidos desta fobia racionalista o método torna-se útil para o estudo da Bíblia. Amilenismo. Uma das formas de se interpretar Apocalipse 20 que se refere ao Reino milenar (mil anos) de Cristo. O amilenismo interpreta que não haverá um reino físico futuro de Cristo na Terra, mas que o texto bíblico aponta para o período simbólico de tempo entre a ascensão de Cristo e seu Advento/Vinda em poder e glória.  E espiritualizam o Milênio e dizem que ele representa o reino atual de Cristo no Céu durante a totalidade da era da Igreja. O grande divulgador dessa interpretação amilenista foi Agostinho de Hipona, o famoso teólogo norte-Africano, que em seu famoso livro “Cidade de Deus” expõe a sua compreensão madura dos "mil anos" de Apocalipse 20.3-6. Sua interpretação influenciou o ponto de vista da maioria dos cristãos no Ocidente, incluindo os reformadores, por quase um milênio e meio.
Animismo. A palavra tem raízes latinas e significa "alma" ou "vida" e está relacionada com outras palavras como "animal" e "animado" (ou "inanimado"). É importante saber que "animismo" é uma palavra que os observadores dessa prática, como antropólogos, têm usado para descrever este sistema de crenças; é a crença de que os animais, plantas, rios, montanhas e outras entidades na natureza contêm uma essência espiritual interior. O animismo tem muitas formas, que refletem o meio geográfico, a história cultural religiosa ou espiritual, e a visão de mundo distinta dos grupos de pessoas que praticam suas diversas expressões, tanto no Oriente como no Ocidente, em expressões religiosas tais como: budismo, hinduísmo, xamanismo, jainismo, bem como outras espiritualidades. O chamado neopaganismo (movimento religioso/espiritualista/ecológico) tem se nutrido dos conceitos animistas para fundamentar suas teses ecológicas.
Antropologia. É palavra composta por dois termos gregos: “Anthropos” (ser humano), e o sufixo “logia” (estudo), é o estudo científico das origens dos seres humanos, como mudaram ao longo dos anos, e como se relacionam uns com os outros, tanto dentro da sua própria cultura e com pessoas de outras culturas. Cada cultura tem seus próprios rituais particulares, comportamentos e estilos de vida, e os antropólogos documentam as características peculiares desta multiforme experiência humana. Na teologia, representa o conceito bíblico dos seres humanos, inclusive nossa criação, o pecado e nosso relacionamento com Deus. No campo de Missões produziu uma abertura para uma inteiração cultural (missão transcultural), permitindo uma comunicação mais efetiva da mensagem evangélica.
Apologética. É um discurso argumentativo sistemático, usualmente utilizando princípios intelectuais, em defesa de uma tese. Quando aplicada à religião cristã torna-se a forma pela qual se faz a defesa da origem divina e autoridade do cristianismo bíblico. Em seus extremos torna-se belicoso e discriminativo para com todos os que não pensam semelhantemente. Muitos fazem da apologia uma arma e da defesa da fé uma guerra – em nome de Deus milhões foram mortos e continuam sendo mortos.
Apóstolo. A palavra significa "mensageiro". Dois grupos deles são mencionados no Novo Testamento. Os Doze, especialmente treinados e comissionados por Jesus para serem testemunhas primárias de sua ressurreição e de seus ensinos e para disseminar Seu Evangelho. A palavra também é aplicada a outros diretamente comissionados por Cristo, inclusive a Paulo, Barnabé, Andrônico, Júnia e Tiago, irmão do Senhor e em seu sentido mais lato a todos os cristãos em todos os tempos e lugares.
Arianismo. Ário, foi um bispo da igreja de Alexandria que em 319 d.C, aproximadamente, começou a ensinar que Jesus Cristo é um espírito criado por Deus antes da criação do Universo, por isso primogênito, mas Cristo não compartilha a essência, ou substância, de Deus, portanto, não é Deus, possuindo tão somente uma perfeita essência da semelhança, que o ser humano tinha, mas perdeu depois da queda. Ele e sua tese foram a razão da convocação do primeiro Concílio de Nicéia onde o tema foi amplamente debatido e rejeitado e o termo grego “homoousios” [consubstanciais, da mesma substância] passou a ser utilizado para definir a relação do Filho com o Pai. Mas apesar de ser condenado o ensino ariano permeou o pensamento de grande parte do cristianismo por muitos séculos e ainda hoje, pode ser visto nos ensinos dos chamados Testemunhas de Jeová.
Arminianismo. Uma forma de pensamento teológico elaborado pelo teólogo holandês Jacobus Arminius (1559-1609). Muitas vezes referida como "anticalvinismo", o Arminianismo defende a liberdade da vontade humana como princípio básico e, portanto, nega duas ideias fundamentais do pensamento teológico de João Calvino: a predestinação e a irresistível graça de Deus. Armínio afirmava que é possível resistir à graça de Deus porque todos os seres humanos são responsáveis. Depois de um ano (1610) da morte de Armínio, quarenta e seis ministros e leigos holandeses respeitados redigiram um documento chamado “Remonstrância” que resumia a rejeição, por Armínio e por eles mesmos, do calvinismo rígido. Em decorrência do título do documento, os arminianos passaram a ser chamados de remonstrantes. Embora Armínio fosse acusado de Pelagianismo (uma ênfase exagerada na vontade livre) e outras heresias, seus críticos não trouxe nenhuma prova destas acusações. A Igreja Metodista, Luterana, Episcopal, Anglicana, Pentecostais e Batistas, não todas, adotam a teologia arminiana.
Arrependimento. Há três palavras no grego usadas no Novo Testamento para designar arrependimento: (1) O verbo “metamelomai” é usado para se referir a uma mudança de mente, tais como de arrependimento ou mesmo remorso em relação ao pecado, mas não necessariamente uma mudança de coração, é usada com referência ao arrependimento de Judas (Mat. 27: 3); (2) “metanoeo”, refere-se à mudança de mente e propósito, como o resultado do conhecimento; este verbo, com (3) o cognato substantivo “metanoia”, é usado para identificar o verdadeiro arrependimento, uma mudança de mente e de propósito e de vida, decorrente da remissão/perdão dos pecados e um buscar o Reino de Deus e sua justiça.
Ateísmo. Vem do grego áthe(os) sem deus (+ ismo) - se refere a pessoa que não professa qualquer crença religiosa. Um ateu é alguém que nega a existência de uma divindade ou de seres divinos. Desde a muito o número de ateus tem crescido no mundo, na Europa onde está avançado o processo de secularização e cresce fortemente no Brasil onde o ceticismo religioso e a mentalidade marxista tem impregnado a mente de adolescentes e jovens decepcionados com o mercantilismo barato da religião.
Autógrafos. Referem-se aos manuscritos originais produzidos pelos autores humanos das Escrituras. Provavelmente, tanto circularam e tantas vezes foram copiados que se perderam. Não se tem notícia da existência de nenhum deles hoje em dia, mas preservadas uma grande quantidade cópias muito antigas e que possibilitam se alcançar um alto grau de confiabilidade e fidelidade dos textos.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

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