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domingo, 31 de dezembro de 2017

O respeito à lei e à ordem: presbiterianos e o governo militar 1964 – 1985 - Tese (Doutorado)


RESUMO
Este trabalho estuda o apoio da Igreja Presbiteriana do Brasil ao governo militar. Essa sustentação ideológica pode ser entendida como parte da disputa por espaço no campo religioso brasileiro, enfrentando, principalmente, o catolicismo. O apoio ao governo militar foi também parte da estratégia de participar das transformações pelas quais o país deveria passar para se tomar um país avançado. Esse progresso seria alcançado pela adoção da verdadeira religião que os presbiterianos ofereciam aos brasileiros. Nesse sentido, a aprovação aos militares é resultado de sua herança teológica e ideológica. O presbiterianismo veio dos Estados Unidos da América do Norte e em seu bojo vieram o pensamento liberal e o fundamentalismo teológico, dois elementos essenciais para prover a base ideológica do apoio ao governo militar. A sustentação e o aplauso estiveram presentes nas páginas do jornal oficial da Igreja, Brasil Presbiteriano, e em diversas decisões conciliares, desde 1964, mas especialmente após a reunião de 1966, quando o grupo fundamentalista ascendeu ao poder. No entanto, houve um grupo de oposição ao governo eclesiástico estabelecido em 1966, cuja linha teológica e ideológica podería representar oposição ao regime militar. A disputa entre as duas partes não aparecia como disputa ideológica, mas sim puramente teológica. As idéias desse segundo grupo se mostram nas críticas que o jornal oficial da denominação fazia, nas decisões conciliares e, principalmente, no próprio jornal criado como órgão de debate e oposição, o Jornal Presbiteriano. O ecumenismo, com o pensamento da responsabilidade social da igreja e o movimento evangelical, com o conceito de missão integral, eram idéias correntes desse grupo. Esses conceitos recebiam a acusação de esquerdismo e comunismo, demonstrando um tipo de pensamento que poderia não dar apoio aos militares tão facilmente, embora o grupo não tenha se manifestado de forma clara e objetiva sobre o tema.

Palavras-Chave: 1. Presbiterianismo no Brasil 2. Governo militar 3. Religião e política.

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................11
CAPÍTULO 1 - Os problemas vitais do Brasil são essencialmente os problemas vitais do evangelismo......................................................58
1.1      A         economia...................................................................60
1.2      A         questão da terra...........................................................66
1.3      Movimentos populacionais.....................................................70
1.4      A         Educação...................................................................74
1.5      A         educação para os presbiterianos............................................77
1.6      Ação e reação da Igreja Católica.............................................81
1.7      A presença protestante no Brasil e a disputa por espaço no campo religioso....85
1.8      Efervescência cultural.......................................................91
1.9      Preparação do golpe e os militares no poder..................................96
1.10    A importância da influência norte-americana no golpe militar................99
1.11    Conflito ideológico-teológico pré-1964 na        IPB..............................103
CAPÍTULO 2 - Os verdadeiros cristãos se regozijaram com a gloriosa revolução.............110
2.1      Protestantismo e Liberalismo................................................110
2.2      Protestantismo e Fundamentalismo............................................120
2.3      No impacto do golpe.........................................................126
2.4      O Supremo Concilio de 1966..................................................140
2.5      “A afirmação de respeito à lei e à ordem”          após   1966....................149
2.6      A consolidação do apoio.....................................................152
2.7      Pentecostalismo e reação presbiteriana......................................159
2.8      O jornal Brasil Presbiteriano e o discurso         anticomunista....................162
2.9      O fim do governo militar....................................................170
CAPÍTULO 3 - Uma igreja ameaçada.................................................173
3.1      Uma oposição “pouca e rouca”................................................176
3.2      O Jornal Presbiteriano......................................................179
3.3      A discussão sobre a questão da Bíblia e suas traduções......................192
3.4      “O Supremo Concilio que eu vi”..............................................196
3.5      Divulgação de Documentos Conciliares........................................203
3.6      Embates na Justiça..........................................................210
3.7      Questões teológicas.........................................................216
3.8      Outras avaliações e crítica da situação.....................................218
3.9      O Pentecostalismo...........................................................221
3.10    Também o anticomunismo.....................................................223
3.11    Ação social................................................................224
3.12    Demonstração de patriotismo................................................226
3.13    Ecumenismo.................................................................229
3.14    Também espaço para os fundamentalistas: tolerância.........................233
3.15    AFENIP.....................................................................234
CONSIDERAÇÕES FINAIS         235
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS      244
ANEXOS       261
ANEXO 1 - MEMORIAL dirigido aos crentes Evangélicos de todo o Brasil           261
ANEXO 2 - Capa do livro da “Conferência do Nordeste”       264
ANEXO 3 - Pronunciamento Social da Igreja Presbiteriana do Brasil        265
ANEXO 4 - Última página do Brasil Presbiteriano de 15 de maio de 1966   268
ANEXO 5 - Capa do livro O "Evangelho Social” E a Igreja de Cristo          269
ANEXO 6 - Discurso de posse do Presidente do Supremo Concilio          270
ANEXO 7 - Primeira página do JORNAL PRESBITERIANO, janeiro de 1975              273
ANEXO 8 - Manifesto do Presbitério de Campinas     274
ANEXO 9 - Documentos da Atibaia        282
ANEXO 10-0 Boletim Dominical, a circulação de idéias e a vida cotidiana           286

Souza, Silas Luiz de.  O respeito à lei e à ordem: presbiterianos e o governo militar 1964 - 1985.
Orientador: Prof. Dr. Milton Carlos Costa
Tese de Doutorado – Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista – 2013.

Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Reflexão Bíblica
http://reflexaobiblica.spaceblog.com.br/

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sábado, 30 de dezembro de 2017

Rev. Salomão Ferraz e a Origem da Igreja Católica Livre


A História do Protestantismo brasileiro é ainda uma floresta pouco explorada. Somente após a criação dos cursos de Ciências da Religião se iniciou de forma acadêmica e sistemática o estudo sobre a implantação e desenvolvimento dos diversos segmentos evangélico protestante que começaram aportar no Brasil apenas no final dos oitocentos. E um aspecto ainda menos conhecido e pesquisado está as diversas rupturas que esse jovem protestantismo produziu e continua a produzir dentre suas respectivas eclesiologias.
Um dos primeiros segmentos do protestantismo a se estabelecer no país foi o Presbiterianismo. Com a chegada do jovem missionário estadunidense Ashbel Green Simonton, 12 de agosto de 1859, e posteriormente de seus companheiros em pouco mais de dez anos os presbiterianos estão inseridos no tecido social brasileiro: além das igrejas em diversos Estados e cidades eles produziram o primeiro jornal evangélico no Brasil (Imprensa Evangélica, 1864); o primeiro Seminário Teológico protestante, chamado carinhosamente de “Seminário Primitivo”; ordenaram os primeiros pastores protestantes brasileiros iniciando com o ex padre José Manoel da Conceição; e deram origem as Escolas Protestantes (Escolas Americanas) cujo o expoente maior veio a ser a hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, que se inicia modestamente na casa do casal Chamberlain no centro da incipiente cidade de São Paulo.
Apesar da morte precoce de Simonton o presbiterianismo avança com força e antes de seu primeiro cinquentenário está estabelecido em todos os Estados brasileiros e nas principais cidades. Todavia, movimentos intestinos haverão de produzir sua primeira grande ruptura (1903) dando origem a Igreja Presbiteriana Independente.
 Mas creio ser oportuno referendar aqui um fato pouco conhecido e divulgado, da dissensão e saída do Rev. Salomão Ferraz que após romper seus laços com a IPB haverá de fundar uma nova igreja denominada de Igreja Católica Livre. E o que torna peculiar é justamente a razão de sua saída, por questões de interpretação teológicas divergentes, repetindo o que ocorrera ainda no principio com Miguel Vieira Ferreira, mas que, mormente estavam conectadas a outros interesses eclesiásticos.
Desde a infância Salomão Ferraz demonstra habilidades acadêmicas. Estudando no Colégio Camargo, em 1984, frequenta a Primeira Igreja Presbiteriana (SP), então funcionando na rua 24 de Maio e em 1895 ainda com 14 anos faz sua profissão de fé e conhece um de seus mais queridos amigos por toda a vida, o também jovem e posteriormente como ele futuro Rev. Matatias Gomes dos Santos. (FERRAZ, 1995, p. 05). Neste mesmo ano torna-se um dos sócios fundadores da Associação Cristã de Moços (ACM) (LESSA, 1938, pp. 481 e 491, Apud FERRAZ, 1995, p. 05).
Concluído seus estudos no Ginásio do Estado, ingressa com apenas 17 anos no Seminário da Igreja Presbiteriana, em São Paulo, o mesmo que era o centro dos embates entre o Rev. Eduardo Carlos Pereira e o então Colégio Mackenzie. Neste momento entre seus contemporâneos estavam Ernesto Oliveira e Othoniel Motta (LESSA, 1938, p. 534). Em 1898 é recebido como candidato ao ministério pelo Presbitério de São Paulo. Por dominar o inglês acaba tomando conhecimento dos conceitos teológicos anglicanos que acabou moldando muitos de seus conceitos teológicos. Em 1901 formou-se juntamente com Henrique Louro de Carvalho, João Francisco da Cruz, Matatias Gomes dos Santos, Baldomero Garcia, Anders Jensen e Constâncio Omegna, na reitoria do Rev. Samuel R. Gammon. Em 19 de junho de 1901 é aprovado pelo Presbitério de São Paulo e licenciado para pregar o Evangelho. No culto público de Licenciatura, na igreja da Alameda dos Bambus (Av, Rio Branco), se fizeram presentes entre outros o Rev. Dr. J. R. Smith e João Francisco da Cruz.
Seu primeiro campo foi na cidade de Faxina (Itapeva) no sul do Estado de São Paulo. Em meio a uma forte crise existencial, certamente resultante do ambiente de lutas, desavenças, pouco amor cristão entre os cristãos, sobretudo entre os líderes e pastores que enfaticamente pregavam "Amai-vos uns aos outros", bem como o todo da cristandade em relação ao secular embate entre católicos e protestantes, e após orar, abre a Bíblia aleatoriamente e seus olhos recaem nas palavras do Ap. Paulo ―Justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Jesus Cristo, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação‖ (Rm. 3:24-25). A partir deste momento o jovem pastor resolve trabalhar incansavelmente para unir os cristãos, não somente evangélicos, mas também católicos romanos.
Em 1902, sendo aprovado em exame do Presbitério de São Paulo, é ordenado Ministro do Evangelho da Igreja Presbiteriana, o Rev. Salomão Ferraz, no templo da Alameda dos Bambus (Av. Rio branco), fazendo a paranesis o Rev. Carvalho Braga e o sermão o Rev. Schneider (REVISTA DAS MISSÕES NACIONAIS, 02/08/1902, Apud FERRAZ, 1995, p. 17). O jovem pastor casa-se com Emília Cagnoto no mês de agosto de 1903, do qual tiveram cinco filhas e dois filhos.
Pouco mais de um mês de seu casamento, ele vai participar da sua primeira reunião do Sínodo da Igreja Presbiteriana (28 de julho de 1903), em São Paulo. Presenciou o triste momento em que a Igreja Presbiteriana experimenta sua primeira grande cisão, ainda que na noite da votação final esteve ausente por motivo de doença. Ele não acompanha o grupo independente como seu pai, que posteriormente em 1950 viria a ser ordenado pastor na IPI.
Da cidade de Faxina, onde enfrentou e perseverante venceu muitos desafios, ele vai pastorear a Igreja de Canavieiras, no sul do Estado da Bahia, onde atuava seu amigo Rev. Matatias Gomes dos Santos. Chega em 24 de agosto de 1906, para suceder o Rev. Mac Call. Participa da organização do Presbitério Bahia-Sergipe, em 1907, sendo um marco importante, pois nasce brasileiro, formado por seis Igrejas organizadas e pastoreadas por pastores nacionais, tendo apenas como colaborador o Rev. Mac Call.
Em 1912, assume o pastorado da Igreja Presbiteriana de Rio Claro (01 de maio) retornando à região sudeste, próximo do Seminário de Campinas. Vai tomando ciência dos movimentos e esforços ecumênicos entre as denominações evangélicas, mas ele pensa muito além, pois deseja estender este movimento à Igreja Romana, e para isto aprofunda-se cada vez mais na questão, reunindo argumentos e buscando nas fontes doutrinárias eclesiásticas as mais diversas.
Às portas do importante Congresso do Panamá (fevereiro de 1916) aflora-se as hostilidades de evangélicos em relação a Igreja Romana, onde haveria de se resolver quanto à questão dos sacramentos e sobretudo o batismo. Ele chega à conclusão que não era necessário batizar novamente os católicos romanos que viessem a professar a fé evangélica protestante e toma a decisão de receber cinco pessoas sem rebatiza-las.[1] Tanto Simonton quanto Robert Kyle havia levantado esta questão, mas a atitude de Salomão Ferraz foi incendiaria não somente na Igreja Presbiteriana, mas em outras denominações também, de maneira que nos jornais evangélicos as criticas se multiplicaram.
Então Salomão Ferraz, em julho 1915, no limiar do Congresso do Panamá, publica seu opúsculo ― Princípios e Métodos (cf. referência bibliográfica) que definitivamente vai provocar convulsões no meio evangélico. Foi acusado de traidor do Evangelho pelos mais conservadores e defendido pelos mais liberais. E como registra Ferraz:
No opúsculo Princípios e Métodos, na verdade Salomão Ferraz trata da questão do batismo; mas seu objetivo não era apenas este, porém, mais profundo; propugnava ele a união dos crentes evangélicos e não evangélicos num único rebanho, numa só Igreja, na qual Cristo deveria ser o único pastor. (2002, p. 26).
Segundo Ferraz, este opúsculo abalou as convicções tão bem assentadas de muitas lideranças do presbiterianismo, sendo uma dela o independente Rev. Eduardo Carlos Pereira, que ás portas de ser um dos representantes brasileiros no Congresso do Panamá, atenua suas críticas ao catolicismo. Eduardo que antes propunha cortar a Igreja Romana do rol da cristandade, em decorrência de suas heresias, depois da leitura de Princípios e Métodos, dá um novo tom à questão e em um artigo no jornal denominacional ― Estandarte (11 de novembro de 1915) escreve:
É perigoso para o Protestantismo encarar em globo o Romanismo e traçar numa palavra a sua atitude. É justo que tratemos com caridade a Igreja Católica Romana, e não lhe resgatemos os louvores que, porventura, tenha merecido; porém, manda a lealdade e a justiça e os interesses da América Latina que denunciemos com clareza e franqueza os seus grandes erros, erros que enfraquecem e anulam, na vida do povo, as grandes verdades cristãs que ela sustenta em seu credo. É em nome dessas grandes verdades neutralizadas ou paralisadas pelos grandes erros que se reúne, parece-nos a Convenção do Panamá. Esperamos com ansiedade e oração a atitude do Protestantismo para com a igreja dominante na América Latina, pois cremos que uma declaração solene, firme, leal e caridosa, emanada essa assembléia, será de vasto e intenso efeito moral, de força e prestígio para os destinos do Evangelho entre as nações sul-americanas". (Apud, FERRAZ, 2002, p. 31-32).
            Mas diante de toda repercussão negativa e as pressões que lhe sobreveio, o Rev. Salomão Ferraz opta por desvincular-se da Igreja Presbiteriana e vincular-se primeiramente à Igreja Episcopal Brasileira,[2] que havia acolhido com alegria suas propostas expostas em ― Princípios e Métodos - na pessoa do Dr. Lucien Lee Kinsolving, que em seu relatório de 1915 no 17° concílio da Igreja Episcopal Brasileira, coloca em um dos destaques o referido opúsculo do Rev. Salomão Ferraz, tecendo-lhe comentários positivos (transcrito por FERRAZ, 2002, p. 45).
Sua decisão de sair da Igreja Presbiteriana produziu repercussão não só em sua denominação, mas também no meio dos independentes. Em 1916 Salomão Ferraz deixa a Igreja Presbiteriana ― sem mágoas, sem cindir a Igreja, levando para a Igreja Episcopal, como não poderia deixar de ser, apenas sua família (FERRAZ, 2002, p. 43).
No dia primeiro de março de 1917, durante o 19° Concílio, na cidade de Santa Maria, na Igreja do mediador, por proposta do Rev. Sergel, o Rev. Salomão Ferraz toma assento no Concílio, recebendo palavras de boas-vindas. O inicio de seu pastorado na Igreja Episcopal foi nas funções de coadjutor do Rev. Meem, na igreja do Redentor do Rio de Janeiro. (FERRAZ, 2002, p. 44).
Em janeiro de 1925 ele é transferido para São Paulo como pároco da Capela do Salvador e em 17 de junho de 1928 funda a Ordem de Santo André, para partilhar obras benemerentes com cristãos de outras denominações, através do anúncio de Jesus Cristo, assistência humanitária e participação da Sagrada Eucaristia, assumindo um ecumenismo mais amplo (FERRAZ, 2002, p.45-46). Sua atuação é intensa e sempre respaldada pela liderança do bispo Kinsolving, mas que por motivos de saúde é sucedido pelo Rev. Bispo William M. M. Thomas. O novo bispo tinha tendências Low Church (antirritualistas) e seu desejo era aproximar-se dos demais ramos protestantes brasileiros, que se mantinham desconfiados por causa da semelhança desta com o catolicismo romano e a reação dos contrários se fez na pessoa de Salomão Ferraz que havia entrado na Igreja Episcopal justamente por causa da questão cerimonial e sua semelhança com a Igreja Católica (LÉONARD, 1981, p. 253).
Em 1932 Salomão Ferraz vai escrever sua obra ― Fé Nacional[3] que também era seu manifesto onde expressava seu desejo de manter o ritualismo e comunhão com a Igreja Católica (Fé)[4] e sua aspiração por uma igreja com forma e direção genuinamente brasileira (Nacional).
Diante das reações e atitudes a partir de 1935 as boas relações eclesiásticas entre Salomão Ferraz e o novo bispo Thomas ficaram estremecidas. A situação vai evoluindo e em 1936 (04 de junho) o Rev. Salomão Ferraz é suspenso pelo Bispo Thomas (Ata do 39° Concílio, p. 57, Apud FERRAZ, 2002, p. 47) e neste mesmo ano opta por sair da Igreja Episcopal.
De acordo com Léonard ainda em 1936, Salomão Ferraz promove em São Paulo um ― Congresso Católico Livre, da qual surgira uma nova denominação a Igreja Católica Livre” na qual ele é eleito seu bispo e assim cria “[...] à margem do protestantismo brasileiro, uma Igreja catolizante” (1981, p. 253). Sem salário fixo ele vai trabalhar Biblioteca do Estado, indicado pelo amigo Rev. Othoniel Motta, que estava se aposentando.
Em um período anterior, 30 de janeiro de 1913, há uma dissidência católica, promovida pelo Cônego Carlos de Amorim Correia, em Itapira (SP) e que deu origem à Igreja Católica Apostólica Brasileira ou simplesmente Igreja Brasileira, a primeira com personalidade jurídica verdadeiramente autônoma do catolicismo romano, mas que após a morte do Cônego Amorim entrou em declínio, até que o Bispo de Maura, Dom Carlos Duarte Costa,[5] rompendo com a Igreja Romana, reestruturou a ICAB, fazendo publicar os seus Estatutos no Diário Oficial de 25 de julho de 1945, registrando-os em Cartório da Cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, revestindo a nova igreja da canonicidade e juridicidade para sua continuidade (FREITAS, 1987, p. 10, Apud FERRAZ, 2002, p. 52; Manoel, 2010).
Apesar de eleito Bispo Salomão Ferraz necessita de sagração por parte de uma autoridade sucessória apostólica. Após varias consultas para sua sagração do exterior e no Brasil, ele opta pelos entendimentos com o Bispo de Maura da Igreja Católica Apostólica Brasileira (LÉONARD, 1981, p. 254), e a cerimônia se realiza na Igreja Cristã de São Paulo,[6] conforme registro de ata:
"Realizou-se hoje, dia quinze de agosto de mil novecentos e quarenta e cinco, Festa da Assunção de Nossa Senhora, às dez horas e trinta minutos, no templo da Igreja Cristã de São Paulo à rua Baronesa de Itu, número quarenta e oito, nesta cidade de São Paulo, a Sagração Episcopal de S. Excia. Revm°, Dom Salomão Ferraz, Bispo Eleito de São Paulo. Transmitiu a herança apostólica ao eleito, S. Excia. Revm° Dom Carlos Duarte Costa - Bispo do Rio dc Janeiro". (FERRAZ, 2002, p. 53).
Dentro de sua proposta ecumênica, a Igreja Católica Livre aceita participar do ecumenismo romano proposto pelo Papa João XXIII, e Dom Salomão é recebido como Bispo por Roma,[7] mas esta convivência dura pouco, pois a Igreja Romana não aceita os carismas dos Católicos Livres e em 1965/66, Dom Manoel Ceia Laranjeira passou a liderar o movimento que não aderiu à Igreja de Roma, agora sob o nome de Igreja Católica Apostólica Independente no Brasil.[8] O Concilio Geral Extraordinário de 1988, declara Dom Salomão Barbosa Ferraz, como o Primeiro Patriarca Canônico da Santa Igreja Católica Apostólica Independente. Tendo sido deixado no ostracismo, Dom Salomão Barbosa Ferraz morreu no dia 09 de maio de 1969.
Casado, pai de sete (7) filhos, doze (12) netos, e três (3) bisnetos viveu e morreu defendendo os princípios do evangelho da reconciliação que a todos acolhe e da unidade da Igreja desejando que a cristandade viesse a ser um em Cristo e fraternos como integrantes de uma mesma família e partes do mesmo corpo onde Ele (Cristo) é o cabeça!

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Outro Blog
Reflexão Bíblica


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Referências Bibliográficas
FERRAZ, Hermes. Dom Salomão Ferraz e o ecumenismo. São Paulo: ed. J. Scortecci, 2002.
FERRAZ, Salomão. Princípios e Método. [Dom Felismar Manoel] ICAI-TS, 2010. Disponível em: http://icai-ts.org.br/PrincipiosEMetodos.html. Acesso em: 08/03/2013
_______________. A fé nacional. São Paulo: O.S.A., 1932. [AEL/L 00079].
LÉONARD, Émile G. O protestantismo brasileiro: estudo de eclesiologia e história social. 2ª ed. Rio de Janeiro e São Paulo: JERP/ASTE, 1981.
LESSA, Vicente Themudo. Annaes da Primeira Egreja Presbyteriana de São Paulo – Subsídios para a História do Presbiterianismo Brasileiro. São Paulo: Ed. Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, 1938.
FERREIRA, Júlio Andrade. História da Igreja Presbiteriana do Brasil, vol. 1 e 2. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1959.
GARCEZ, Robson do Boa Morte. Origem da Igreja Cristã de São Paulo e a contribuição de alguns membros para a formação da FFLCH/USP – uma expressão da liberdade religiosa. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2007.
GUEDES, Ivan Pereira. O protestantismo na cidade de São Paulo – presbiterianismo: primórdios e desenvolvimento do presbiterianismo. Alemanha: Ed. Novas Edições Acadêmicas, 2013.
MATOS, Alderi Souza de. Simonton e as bases do presbiterianismo no Brasil, apud Série Colóquios, v. 3, Simonton 140 anos de Brasil. São Paulo: Ed. Mackenzie, 2000, pp. 52-53.
____________________. Os pioneiros presbiterianos do Brasil (1859-1900) – missionários, pastores e leigos do século 19. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
____________________. Erasmo Braga, o protestantismo e a sociedade brasileira – perspectivas sobre a missão da igreja. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.
MENDONÇA, Antonio Gouvêia. O celeste porvir - a inserção do protestantismo no Brasil. São Paulo: Ed. Paulinas, 1984.
_________________________ e VELASQUES FILHO, Prócoro. Introdução ao protestantismo no Brasil, 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2002.
RIBEIRO, Domingos. História da Igreja Presbiteriana do Brasil. 1940: Apollo






[1] O historiador Léonard acrescenta que Ferraz foi ―[...] campeão da ideia de um protestantismo que não se coloque em oposição às tradições e aos hábitos espirituais do país‖, conforme seu livro mais famoso ―Princípios e Métodos‖. (1981, p. 252).  
[2] A Igreja Episcopal do Brasil inicia suas atividades em 1816 e adquiri autonomia em 1964. Hoje, com o nome de Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, faz parte da Comunhão Anglicana como província autônoma. Essa igreja não possui uma teologia, uma doutrina, mas um ―discurso oficial‖ sobre certos pontos teológicos e que identifica a igreja. Os documentos que contêm esse discurso são o Livro de Oração Comum (LOC), destinado ao culto e às cerimônias sacramentais e outras, e o Resumo da Fé Cristã, conhecido simplesmente por Catecismo. Em suma, a Igreja Episcopal Anglicana é uma igreja litúrgica e sacramental com uma teologia aberta  a partir de princípios básicos da fé cristã. (Calvani, 2012, p. 55-70; LÉONARD, 1981, p. 252-253).
[3] Kickhofel desta os principais pontos desta obra/manifesto de Salomão Ferraz (p. 14). Léonard destaca a reação dos demais ramos protestantes às ideias expressas por Salomão Ferraz sintetizada na série de artigos do Rev. Alfredo Borges Teixeira (IPI) em seu órgão informativo oficial ―Estandarte‖ com o titulo de ―Controvérsia anglo-católica‖ (1981, p. 253).  
[4] Salomão Ferraz, que havia publicado e usado em sua paróquia, em São Paulo, uma fórmula litúrgica própria da celebração da santa comunhão, introduzindo inovações que foram rejeitadas pela igreja, como o uso da palavra missa e a doutrina da transubstanciação, para citar apenas duas. (KICKHOFEL, p. 14).
[5] Biografia - http://www.icab-itapira.com.br/index.php/dom-carlos-duarte-costa-2  
[6] Esta igreja é resultante de uma cisão na Igreja Presbiteriana Independente em 1942, que também originou neste mesmo período outra denominação a Igreja Presbiteriana Conservadora.  
[7] ―[...] de 1959 a 1965 pela aproximação ecumênica com a Igreja de Roma, resultando no reconhecimento da Sagração Episcopal de Dom Salomão Ferraz, se tornando Bispo Auxiliar de São Paulo e Titular de Eleuternia.‖ (MANOEL, 2010 ). Dom Salomão Ferraz, participou do Concílio Vaticano II e advogou a tese da “celebração litúrgica em vernáculo” e no ano 1964 apresentou ao Papa Paulo VI, um projeto de “Reforma Disciplinar”. 
[8] ―De 1965 para cá inicia-se uma nova fase, Dom Salomão Ferraz já cansado e desiludido com o ecumenismo romano‘ e desrespeito pelos carismas espirituais do seu movimento, convoca o clero do Rio de Janeiro, tendo à frente Dom Manoel Ceia Laranjeira, para retomar o trabalho da Igreja Católica Livre e em Concílio Regional, realizado em Moquetá, Nova Iguaçu (I Sessão) e em Bangu, Rio de Janeiro (II Sessão), se restaura o movimento católico livre, agora sob o nome de Igreja Católica Apostólica Independente no Brasil.‖ (MANOEL, 2010).

Igreja unida ao Estado (Império): A partir do Edito de Tolentino de Constantino


Depois de Constantino a Igreja Cristã jamais foi a mesma e somente no século XVI ela sofrerá uma transformação tão profunda. Evidentemente que não se devem colocar todos os problemas da Igreja na conta do Imperador, todavia, com ele as deturpações e desvios que já em curso foram efetivadas e outras, advindas da estatização foram agregadas. Os benefícios, e de fato houve vários, de longe perderam para os malefícios que se perpetuaram e se expandiram dentro da Igreja Cristã, como tão bem se pode ver no desenvolvimento de sua história.
Os Descendentes de Constantino
Apesar de terem recebido toda uma orientação cristã em suas formações, os descendentes do Imperador, após sua morte, demonstraram que não haviam assimilado absolutamente nada do cristianismo.
Após a morte de Constantino (337), os numerosos meios-irmãos e sobrinhos se digladiaram pelo poder. Muitos foram mortos em tramas desenvolvidas nas 13 entranhas da política palaciana. Sobreviveram apenas Constâncio II (317-340) que assumiu o trono imperial e dois primos Constâncio Galo e Juliano, que posteriormente exerceram as funções de César.
O novo imperador implementa coercitivamente a “conversão” dos adeptos de outras religiões. As ofertas dos templos pagãos e de seus sacerdotes foram confiscadas e parte transferidas para os templos cristãos. Foram proibidos os sacrifícios e ritos de adoração pagãos foram proibidos e passíveis de punição legal, incluindo a pena de morte. Templos não cristãos foram demolidos ou adaptados para cultos cristãos; torna-se proibido falar contra o cristianismo e qualquer literatura contrária devia ser queimada. Aqui inicia o período de terror cristão que perdurara por dois séculos, onde milhares de pessoas foram mortas das formas mais violentas possíveis. Os cristãos perseguidos se transformam em cruéis perseguidores.
Um pequeno período de retrocesso, em que o cristianismo foi contestado, foi no governo de Juliano (361-363),[1] denominado na literatura cristã de “o apóstata”,[2] sobrinho de Constantino. Apesar de ter sido educado na religião cristã, nutria um antagonismo com a nova religião e se empenhou em resgatar as antigas crenças pagãs greco-romanas.
Depois de vencer Constâncio e assumir o poder imperial, ele assume sua religiosidade pagã e gerando a pergunta perturbadora nos círculos cristãos: voltariam as perseguições religiosas? Conhecedor da história o novo imperador sabia que os perseguidos de hoje se tornam os mártires do amanhã, sua tática é diferente. Proclama um edito de tolerância para todas as religiões e ordena a restauração dos templos pagãos e todo sistema religioso deles, incluindo a retirada dos privilégios financeiros usufruídos pela Igreja Cristã [mexeu no bolso]; simultaneamente promoveu um sincretismo dos ritos pagãos com os ritos cristãos: pregação dinâmica, vestimentas coloridas, musica orações, etc. [qualquer semelhança é mera coincidência].
Teodósio, o primeiro imperador cristão.
Depois da morte de Juliano (363), todos os imperadores romanos adotaram o cristianismo e antes de encerrar o quarto século, a religião cristã torna-se oficialmente religião do império – com Constantino era apenas oficioso. O imperador Teodósio (379-395) é considerado o primeiro imperador ortodoxo, ou seja, que defendia a religião cristã e seus dogmas. Conseguiu que o Senado Romano reconhecesse o Cristianismo como religião oficial. Esse reconhecimento legal incitou lideranças cristãs a promoverem atos violentos contra os templos pagãos. Desta forma oficialmente o cristianismo foi vitorioso, todavia, muitos dos conceitos pagãos já haviam sido inoculados no organismo da igreja cristã.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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[1] Tornou-se soberano inconteste do Império a três de novembro de 361, morrendo a 26 de junho de 363, com 33 anos; reinou, portanto, por apenas dezoito meses.
[2] Um exemplo é a literatura de Gregório de Nazianzo (330-390), contemporâneo do imperador Juliano, em que na coletânea de seus discursos, dois deles, são denominados “Contra Juliano”, refletindo a reação política contra essa volta ao helenismo, por parte da Igreja Cristã.